‣ > ‣ > ARA0095 - DESENVOLVIMENTO RÁPIDO DE APLICAÇÕES EM PYTHON > 1.2 - FASES DO RAD


CONCEITOS

A metodologia RAD é caracterizada pelo desenvolvimento do projeto através de etapas iterativas e incrementais, onde um protótipo é entregue ao final de cada ciclo. A proposta é que haja redução nas atividades relacionadas ao planejamento em detrimento do processo de desenvolvimento através de um processo que se caracteriza por incrementos de funcionalidades a cada nova iteração. Desse modo, a expectativa é que as equipes produzam mais em menos tempo, maximizando a satisfação do cliente, uma vez que ele é envolvido no processo. Isso ocorre porque a RAD é estruturada para que as partes interessadas interajam e possam detectar a necessidade de alterações do projeto em tempo real, sem a necessidade de completar longos ciclos de desenvolvimento, e os desenvolvedores possam realizar as implementações rapidamente ao longo das iterações.


O ciclo de vida da RAD foi projetado para direcionar os desenvolvedores na criação de soluções de software que atendam às necessidades dos usuários. Este ciclo de vida trata das atividades que são necessárias para definir o escopo e os requisitos de negócios, além das atividades para projetar, desenvolver e implementar o sistema. Na abordagem de James Martin (MARTIN, 1991), a metodologia RAD possui quatros fases distintas, que são:

  1. Planejamento de requisitos

    As partes interessadas – usuários, gerentes e desenvolvedores – estudam as necessidades de negócios, escopo do projeto, restrições e requisitos do sistema. A gerência só autoriza a continuidade do projeto depois que os membros das equipes concordam sobre o entendimento dos requisitos do sistema.

  2. Design do usuário

    São desenvolvidos modelos e protótipos – através da interação de usuários e desenvolvedores – para representar todos os processos, entradas e saídas do sistema. Para isso, são usadas uma combinação de técnicas JAD (Joint Application Development) e ferramentas CASE para representar as demandas do usuário em modelos de trabalho.

  3. Construção

    É nesta fase que os protótipos são desenvolvidos. A interação entre usuários e desenvolvedores continua, para que haja sugestões sobre alterações, ajustes, ou melhorias, à medida que unidades do sistema – como telas ou relatórios reais, por exemplo – são desenvolvidas.

  4. Transição

    São feitos processamento de dados, testes, mudança para o novo sistema e treinamento do usuário.


Resumindo

O planejamento de requisitos está focado em determinar as metas e expectativas do projeto e quais são os potenciais problemas que podem ser impeditivos para o desenvolvimento do software. No caso da RAD, onde a entrega rápida de resultados é um dos objetivos principais, a identificação prévia dos requisitos funcionais é muito importante. Na fase de design do usuário, a interação entre os desenvolvedores e os usuários é constante no desenvolvimento de modelos e protótipos que abordam todos os processos, entradas e saídas do sistema. Na fase de construção, converte o protótipo aprovado da fase de design do usuário em um modelo de trabalho. Como já houve bastante interação entre usuários e desenvolvedores na fase anterior, agora o foco dos desenvolvedores está na construção do modelo de trabalho final. Por fim, na fase de transição, o produto está pronto para ser lançado. Aqui, o usuário deve passar por treinamento para começar a usar o sistema.


Existem outras abordagens sobre a divisão das fases da RAD. Por exemplo, uma das mais conhecidas é a de James Kerr (KERR & HUNTER, 1994), em que existem cinco fases distintas, que são:

  1. Modelagem de negócios

    Nesta fase, é feita a obtenção de informações a respeito dos requisitos funcionais do sistema reunidas por várias fontes relacionadas aos negócios, ou seja, o modelo de negócios do produto em desenvolvimento é tratado em termos de fluxo de informações, que são obtidas a partir de vários canais de negócios, tais como entrevistas com usuários do sistema e outras fontes de informação que auxiliem no entendimento do negócio que será tratado. Essas informações são então combinadas, para criar uma documentação que será utilizada para modelar o ciclo de vida dos dados: como os dados podem ser usados, quando são processados e a sua transformação em informações que serão utilizadas por alguma área, ou por algum setor específico do negócio. Portanto, é feita uma análise com viés comercial a fim de encontrar os dados vitais para os negócios: como podem ser obtidos, como e quando são processados e quais são os fatores que os transformam em informações úteis.

  2. Modelagem de dados

    Todas as informações que foram obtidas durante a fase modelagem de negócios são analisadas para formar conjuntos de objetos de dados essenciais para os negócios. Através da análise, as informações são agrupadas, de modo que sejam úteis para a empresa, como, por exemplo, na determinação de quais são as entidades principais que serão tratadas pelo sistema. A qualidade de cada grupo de dados, então, é examinada e recebe uma descrição precisa. Em seguida, é feito mapeamento que relaciona esses grupos entre si e qual o significado desses relacionamentos, conforme definido na etapa modelagem de negócios. Avançando um pouco mais, agora deve-se identificar e definir os atributos de todos os conjuntos de dados. Também é estabelecida e definida em detalhes de relevância para o modelo de negócios a relação entre esses objetos de dados.

  3. Modelagem de processos

    Esta fase é a etapa da metodologia RAD em que todos os grupos de dados coletados durante a etapa modelagem de dados são analisados sob o ponto de vista de processamento, ou seja, como os dados são convertidos em informações úteis. Durante a fase de modelagem de processos, mudanças e otimizações podem ser feitas, e os conjuntos de dados podem ser definidos com mais detalhes. Quaisquer descrições para adicionar, remover ou alterar os objetos de dados também são criadas durante esta fase. A ideia é a seguinte: os conjuntos de objetos de dados definidos na fase de modelagem de dados são convertidos para estabelecer o fluxo de informações de negócios necessário para atingir objetivos de negócios específicos conforme o modelo de negócios. A modelagem de processamento dos dados para alterá-los, ou utilizá-los para fazer quaisquer outras operações que os transformem, é definida nesta fase. Aqui, também são feitas descrições dos processos para adicionar, excluir, recuperar ou modificar um objeto de dados.

  4. Geração da aplicação

    Nesta fase, todas as informações coletadas são codificadas e é construído o sistema que será usado para criar o protótipo. Os modelos de dados criados são transformados em protótipos reais que podem ser testados na próxima fase. O sistema real é construído, e a codificação é feita usando ferramentas de automação para converter modelos de processo e dados em protótipos reais.

  5. Teste e modificação

    Neste momento, são feitos testes dos protótipos criados. Cada módulo é testado de modo a identificar e adaptar os componentes para criar o produto mais eficaz. Como a maioria dos elementos já foi examinada anteriormente, a expectativa é que haja grandes problemas com o protótipo. O tempo total de teste é reduzido no modelo RAD, pois os protótipos são testados independentemente durante cada iteração. No entanto, o fluxo de dados e as interfaces entre todos os componentes precisam ser exaustivamente testados com uma cobertura de teste completa. Como a maioria dos componentes de programação já foi testada, o risco de problemas importantes é minimizado.